Ilha de Ons, a Joia Atlântica das Rías Baixas (2)

No limiar de Ons, onde o portal se abre sob o ritmo das marés, o granito ancestral e o xisto metamórfico revelam um leito esculpido pela paciência dos milénios. A ilha emerge, um palco de contrastes onde a serenidade da rocha encontra o pulsar da vida.

Praias de areia dourada beijadas por águas cristalinas, como Area dos Cans e Melide, convidam ao repouso nas enseadas protegidas, um refúgio do Atlântico. Mas é na costa ocidental, bravia e agreste, que a alma de Ons se revela: penhascos imponentes, grutas marinhas moldadas pela fúria do oceano, um santuário de biodiversidade e ninho de aves costeiras.

Aqui, a pedra dialoga com o mar, esculpindo piscinas naturais que aprisionam a luz em tons de âmbar e jade. Cada recanto narra a história da ilha, um livro aberto onde as tempestades e as calmarias gravaram a sua saga. O Atlântico, ora manso, ora feroz, tece um eterno poema de amor ao litoral galego.

No verão, a ilha veste-se de risos e cores, um efêmero contraponto à solidez dos rochedos. As águas transparentes espelham o céu, enquanto o olhar se perde na vastidão das Rías Baixas. Ons é porto e partida, fronteira e santuário, um lugar onde a ciência, a poesia e a memória se entrelaçam, celebrando a vida sob o olhar atento das antigas rochas atlânticas, testemunhas silenciosas do tempo. É a ilha onde o mar e a terra se encontram num abraço eterno, revelando a sua essência marítima, o seu coração granítico.

Comentários

Mensagens populares