Mosteiro de São Pedro de Rocas: Onde a Fé Talhava a Pedra Viva
No coração da Ribeira Sacra, onde a Galiza se eleva em murmúrios de granito e musgo, o Mosteiro de São Pedro de Rocas floresce como um poema esculpido na pedra. Mais que uma construção, é a própria montanha que respira orações, libertada do seu interior para acolher a fé. Desde o século VI, eremitas encontraram refúgio neste ventre de pedra, traçando capelas e sepulturas no granito, criando o mais antigo conjunto monástico da Galiza.
A igreja rupestre, abraçada pelo monte Barbeirón, convida a um mergulho sensorial. A luz, filtrada por fendas ancestrais, dança sobre as abóbadas de meio canhão imitadas na rocha viva, enquanto túmulos antropomórficos, alinhados como vagares de eternidade, sussurram histórias de homens que buscaram a redenção no silêncio. A água corre por canais escavados, talvez ecos de cultos a fontes milagrosas, tecendo um véu de mistério.
No exterior, a natureza e a obra humana fundem-se num abraço eterno. O campanário, sentinela imponente, não assenta sobre a igreja, mas emerge de um monólito natural, um farol de fé erguido sobre a paisagem. Os sinos ecoam pelos vales, chamando à contemplação, enquanto a escadaria, encravada nos veios do granito, nos convida a ascender à essência do sagrado.
Hoje, este Bem de Interesse Cultural, outrora santuário de preces, acolhe visitantes em busca da raiz da espiritualidade galega. Em São Pedro de Rocas, a fé tornou-se pedra e a pedra tornou-se templo, gravada na carne da montanha e do tempo, perpetuando um poema de fé para a eternidade.
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