Mosteiro de Santo Estêvão: Um Éden Pétreo Entre Vales Galegos
Aninhado entre as encostas verdejantes que se precipitam sobre o rio Sil, o Mosteiro de Santo Estêvão de Ribas de Sil ergue-se como um tesouro monumental no coração da Ribeira Sacra, na Galiza. Fundado no século VI, este antigo cenóbio beneditino é um testemunho eloquente da espiritualidade medieval e da genialidade do românico, tendo conhecido o seu esplendor entre os séculos XII e XIII, quando mestres canteiros deixaram gravadas nas pedras as narrativas sagradas que iluminam ainda hoje os olhos dos viajantes.
A beleza sóbria da sua fachada barroca do século XVII prepara-nos para descobrir um interior onde a austera estrutura românica tardia se entrelaça com a riqueza dos detalhes. O impressionante retábulo-mor, reluzente em ouro, contrasta com a rigidez da pedra, e singularidades como o retábulo pétreo com Cristo e os Apóstolos evocam a pureza da arte românica. Os três claustros, cada um com a sua identidade, contam a história do mosteiro em arco: o "Claustro dos Bispos", um raro exemplar românico na Galiza, com as suas arcadas e capitéis decorados que criam um ambiente propício à contemplação; um claustro gótico e outro renascentista, que completam a narrativa visual ao longo dos tempos.
As torres sineiras, vigilantes de pedra contra o azul do céu galego, dialogam com a vasta paisagem de vales encaixados, enquanto o silêncio claustral se funde com o murmúrio das águas que formam canhões de beleza selvagem. Este lugar, que já foi refúgio de nove bispos, convida-nos a sentir a espiritualidade que emana de cada canto, onde a luz dança de forma etérea entre os arcos centenários. Conhecido como Monumento Histórico-Artístico desde 1923, o mosteiro transcende a sua condição de simples edificação, tornando-se um livro aberto de devoção e arte, onde cada capitel conta histórias de fé, e as paredes guardam os segredos de monges e peregrinos que ali encontraram abrigo e serenidade.
Assim, o Mosteiro de Santo Estêvão de Ribas de Sil não é apenas um monumento da arquitetura românica, mas um testemunho vivo da cultura galega, onde a arte e a espiritualidade se entrelaçam num abraço eterno com a natureza.






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