Ascensão entre muros de memória

Sob o arco metálico e vigilante da Ponte Luís I, as Escadas do Codeçal serpenteiam pela alma do Porto, mais que um caminho, uma cicatriz de pedra talhada pelo tempo. Degrau a degrau, a Ribeira fervilhante espreguiça-se até à serenidade pétrea da Sé, num convite íntimo a descobrir um Porto que se desvenda em cada curva.

Outrora troço da muralha fernandina, hoje labirinto de memórias, as escadas respiram um quotidiano resistente: roupas esvoaçantes em bailados efémeros, pombos que pontuam o silêncio, paredes onde a arte urbana sussurra ao ouvido da antiguidade.

Neste refúgio, o passado tece-se com o presente, como as paredes que acolheram o Recolhimento de Ferro, ecoando histórias de outrora. A cada passo, o rio desdobra-se em novas perspetivas, a ponte emoldura o casario, e a essência da Invicta revela-se na dança da luz e da sombra.


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