Manjarín

No alto das montanhas de El Bierzo, entre as milenares pedras de Manjarín, a 1150 metros de altitude, ergue-se um refúgio singular que desafia o tempo e a convenção. Este albergue dos Templários, fundado em 1993 por Tomás Martínez de Paz, o “último templário”, acolhe peregrinos desde os anos 90, registando o espírito do Caminho de Santiago. Situado nas ruínas de uma antiga escola, este espaço, sem água corrente nem eletricidade, transcende o mero abrigo; oferece uma experiência espiritual profunda.

As bandeiras que tremulam ao vento dos montes Maragatos, acompanhadas por cartazes multilíngues e símbolos esotéricos, transformam estas ruínas num santuário laico, onde o sagrado e o profano se entrelaçam. A antiga povoação de Manjarín, abandonada nos anos 60, é agora um local onde a hospitalidade medieval renasce a cada gesto. Tomás, vestido com a túnica branca e a cruz vermelha dos Templários, guiava os peregrinos pela névoa, mantendo viva a tradição de acolhimento que antecede os cavaleiros de outrora.

Hoje, com o telhado colapsado e Tomás afastado por motivos de saúde, Manjarín permanece como um símbolo de resistência espiritual e de pura hospitalidade, um lugar onde o passado medieval se entrelaça com a jornada interior de cada caminhante. Aqui, entre a Cruz de Ferro e El Acebo, o tempo pausa, oferecendo aos peregrinos não apenas descanso, mas uma comunhão profunda com a essência do Caminho. Tomás sempre dizia: “Aqui queremos pessoas normais, não pressas nem festas. Só silêncio, oração e caminho.” Manjarín, com a sua atmosfera única, torna-se assim um verdadeiro santuário de fraternidade e mistério, onde cada pedra e cada história ecoam as lendas de um Caminho eterno.

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