Palácio Episcopal de Astorga — Gaudí em terras de Castela e Leão

O Palácio Episcopal de Astorga, uma das raras obras de Antoni Gaudí fora da Catalunha, ergue-se num céu dramático, um exemplar neogótico modernista construído em granito branco de El Bierzo entre 1889 e 1915. Encomendado pelo bispo Joan Baptista Grau i Vallespinós, amigo de Gaudí, para substituir o palácio original destruído por um incêndio, a sua construção foi interrompida após a morte do bispo e a subsequente demissão do arquiteto.

Com a aparência simultaneamente de mansão senhorial, castelo e templo, o palácio exibe elementos que se tornariam icónicos na obra de Gaudí, como os arcos da entrada e o uso decorativo do ferro forjado. As suas quatro torres cilíndricas e ameias evocam a arquitetura medieval, enquanto as numerosas janelas inundam o interior de luz. Apesar de concebido como residência episcopal, nunca foi habitado por um bispo e, desde 1963, alberga o Museu dos Caminhos, dedicado à história e arte da peregrinação a Santiago de Compostela, tornando-o um ponto de paragem obrigatório no Caminho Francês.

Classificado como Bem de Interesse Cultural desde 1969, o palácio, coroado por torres esguias que remetem a castelos medievais, é um testemunho da genialidade de Gaudí e da sua capacidade de unir função religiosa e visão artística inovadora, integrando-se na paisagem leonesa com rigor, verticalidade e detalhe escultórico. Neste edifício, Gaudí recorda ao viajante que a fé pode habitar formas inesperadas, onde a pedra se transforma em poesia e o passado se reinventa a cada olhar.

Comentários

Mensagens populares