Paço de Lanheses


LANHESES (Portugal): Paço de Lanheses.

Propriedade da família Abreu, Castro e Pereira, que lhe imprimiu o seu símbolo heráldico no portão de entrada e no topo da escadaria de acesso ao andar nobre do edifício, o Paço de Lanheses é conhecido na documentação desde o final do século XV ou inícios do XVI, época a que remonta a sua fundação, pelo fidalgo João de Ricalde. Pouco ou nada se conhece sobre os anos que medeiam entre esta primeira referência e a segunda metade do século XVIII, quando toda a casa foi remodelada, adquirindo, então, as características que hoje se conhecem. A capela é, muito possivelmente, a única excepção, pois a sua implantação no topo do L que a planta da casa desenha, mas fora do muro que protege o pátio de entrada, indicia tratar-se de uma estrutura pré-existente, depois adaptada e integrada no novo edifício habitacional. A sua construção deverá remontar ao final do século XVII u ao início da centúria seguinte. Por outro lado, não deverá deixar de se considerar que o facto do portal principal da capela ser acessível por fora da área de entrada no Paço permite a sua frequência pelos trabalhadores e moradores da região. Delimitado por pilastras nos cunhais, o frontispício do templo é aberto por portal de verga recta, encimado por cornija saliente que suporta o nicho flanqueado por volutas. Duas janelas quadradas ladeiam o portal, correspondendo-lhes ao nível do nicho e do óculo quadrilobado que o sobrepuja, duas cartelas. A base do frontão triangular que remata a fachada desenha, ao centro, um pequeno arco, motivado pelo referido óculo.
A casa é antecedida por um terreiro delimitado por muro ameado, aberto por portão em arco de volta perfeita com frontão triangular a inscrever as armas dos Abreus, Castros e Pereiras. A planta do edifício desenha um L, com um dos corpos, correspondente á fachada principal, bastante mais alongado. Por sua vez, este volume forma um U pouco pronunciado, pois o corpo central é recuado. Esta disposição, a par da escadaria, com guardas em volutas, de acesso à varanda alpendrada suportada por colunas dóricas, que termina num arco abatido sobrepujado pelo brasão dos castros e Pereiras, imprimem algum movimento e dinamismo ao alçado. Os corpos laterais são seccionados por pilastras, que os dividem e três panos, todos eles abertos por vãos de grande depuração (janelas rectas e portas em arco de volta perfeita), destacando-se os fontanários no pano mais próximo do corpo recuado.
Nos restantes alçados observa-se a mesma singularidade, onde a ausência de elementos decorativos é a nota dominante. Apenas há a assinalar as escadas de acesso ao andar nobre no extremo da fachada Oeste.
O interior divide-se entre uma zona reservada aos proprietários do Paço e uma outra destinada a Turismo de habitação. São espaços que conservam as características originais, com tectos de masseira, alguns dos quais pintados, com pavimentos de tábua corrida e conversadeiras nas janelas de determinados compartimentos. A comunicação com o coro alto da capela é feita através de uma sala denominada Sala da Capela. Na capela propriamente dita destaca-se o retábulo rococó. Há notícia que tinha uma imagem de pedra de São Sebastião, a quem era, muito possivelmente, dedicada, mas que desapareceu.
(Rosário Carvalho)

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