Santuário do Bom Jesus do Monte
No cume do Monte Espinho, onde o Minho estende a sua paisagem verdejante, o Santuário do Bom Jesus eleva-se como um farol de fé e arte, um diálogo entre o humano e o divino inscrito na pedra. Desde o século XV, sucessivas mãos de artistas e arcebispos, como D. Rodrigo de Moura Teles, moldaram este lugar sagrado, conferindo-lhe uma unidade que transcende os estilos barroco, rococó e neoclássico.
A ascensão ao santuário é uma peregrinação em si mesma, um caminho ziguezagueante que se desdobra em escadórios monumentais. Os 581 degraus, ornados com fontes alegóricas e capelas evocativas, narram a Paixão de Cristo, os Cinco Sentidos e as Virtudes Teologais, numa catequese de água e pedra que purifica o espírito e eleva a alma. Cada lanço convida à meditação, cada patamar oferece uma pausa contemplativa, numa jornada que espelha o Caminho do Calvário.
No coração do santuário, a igreja, com a sua fachada neoclássica desenhada por Carlos Amarante, acolhe o peregrino num abraço de luz e silêncio. A nave, de proporções harmoniosas, guia o olhar para o altar-mor, onde um dramático Calvário da autoria de José Monteiro da Rocha prende a atenção. A cúpula, um zénite de fé e arte, irradia luz dourada sobre os frescos celestiais, coroando este espaço sagrado, Património Mundial da UNESCO desde 2019. O Bom Jesus não é apenas um monumento; é um percurso poético que une a terra e o céu, onde o sublime e o divino se encontram em cada pedra, em cada raio de luz, em cada oração sussurrada ao vento.
Comentários
Enviar um comentário